segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Você conhece o trízimo?


Publicado por William Mazza Em 12/12/2010
Aha! Peguei você de novo! Trouxe mais uma novidade do “maravilhoso” mundo de conto de fadas gospel: o trízimo. O quê? Não sabe do que estou falando? Tsc, tsc, tsc. Leia esse artigo, que direi exatamente de que se trata.
O Ministério da Saúde adverte: ler esse artigo pode produzir ânsia, mal estar e fortes dores de estômago. Não é recomendado para pessoas de bem.
Baseio-me em artigo disponível no portal Gospel Prime (confira). Nada mais é do que aquela estória manjada. Alguma liderança evangélica com fidelidade canina a algum famoso, que por motivo desconhecido tomou um chute no traseiro e, só agora, resolveu contar o que sabe. E claro, abriu sua nova igreja dissidente, como não poderia deixar de ser.
No meio do blá-blá-blá, algo chamou muito minha atenção: o trízimo. Leia a declaração do denunciante:
  • “Houve uma campanha feita em cima de Isaías 61:7, sobre a dupla honra. Aí surgiu a proposta de pedir 30% do salário da pessoa. Esse versículo diz o seguinte: “Em lugar da vossa vergonha tereis dupla honra; (…) por isso na sua terra possuirão o dobro e terão perpétua alegria”. Segundo XXXX, os pastores passaram a pregar que para obter a “dupla honra” era necessário “dobrar” o dízimo e dar mais 10% do salário como oferta. Total: 30%. O “trízimo” ficou conhecido como uma inovação…”
Na minha opinião, isso não é um absurdo. Absurdo, sim, é alguém cair numa lábia dessa. Como pode ser inocente a ponto de acreditar numa bobagem dessa? Sinceramente, não sei. Só sei que a imaginação dessa turma é desprovida de qualquer senso ético.
Deixe-me repetir algo que já disse em outros artigos: muito cuidado com os textos do Antigo Testamento. A maioria das passagens não tem nenhum tipo de aplicação atual. Apenas estão disponíveis para entendermos o enredo/contexto da salvação. Ficar pinçando eventos ocorridos lá trás como se tivessem aplicação para nós, é pura má fé, ou, na melhor das hipóteses, falta de conhecimento.
O dízimo, por exemplo, é um assunto polêmico. O que direi agora vai descer atravessado em muita gente: dízimo é assunto do Antigo Testamento! Pode procurar as passagens do Novo Testamento e verificar se alguma delas pede para alguém dar dízimo na nova aliança. Faça isso e verifique que não há nada. Isso faz parte da lei judaica. É mantido até hoje por tradição e conveniência das lideranças religiosas, que têm receio de ficar sem seu sustento.
Por outro lado, você deve estar me perguntando: Oba, quer dizer que não preciso mais dar meu dinheiro na igreja? Pois bem, agora dou outra notícia aos desinformados: no Novo Testamento, a igreja incipiente colocava todos os seus recursos à disposição. Obviamente, não da maneira como vemos hoje: para enriquecer pastores, construir templos estrondosos ou coisas do tipo. Em Atos dos Apóstolos, as pessoas deixavam seus recursos aos pés do apóstolos, para que fossem divididos entre os necessitados. A igreja ideal reparte o que tem com quem precisa.
Veja bem, não sou inocente. Esse foi um modelo de igreja que só existiu no começo da era cristã. Até por que as pessoas entendiam que a volta de Cristo era iminente. Eu sei que esse modelo foi jogado no lixo há séculos. Mas pense bem, qual igreja estava mais alinhada com a pregação de Cristo: a atual ou a de Atos? Precisa responder? Nossa vida cristã abandonou quase tudo que os primeiros convertidos viveram. Por isso, não é de se estranhar que hoje vivemos essa bagunça evangélica, com trízimo e tudo mais. Deus nos ajude a sermos tão generosos como éramos no cristianismo original!

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