segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Os Homens e suas mentiras


Rejeito toda hierarquia humana. Jean-Paul Sartre expressou muito bem o valor único de todo ser humano quando disse que um ser humano, não importa quem, tem o mesmo valor que todos os outros. 

Antes de Sartre, Jesus não fez distinção entre as pessoas. Os que estavam no poder ficaram desconcertados com sua atitude e quiseram sua morte. Disseram a Ele: “ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens” (Mateus 22:15). 

A vida humana transcende todas as leis que tentam organizar a sociedade. Mateus, Marcos, Lucas e João estão cheios de histórias de confrontos entre Jesus e as autoridades porque ele violou a lei preocupado com as vidas individuais.

Rejeito a hierarquia entre nós e Deus. Deus, ao menos o Deus que Jesus chama de Pai e o qual ele nos diz para chamar de Pai, nunca nos é apresentado como um Mestre que impõe sua vontade a nós ou que se refere a nós como inferiores. Para Jesus não há relação hierárquica entre Pai e Filho. Ele diz: “Eu e o Pai somos um. . . ó Pai, o és em mim, e eu em ti” (João 10:30; 17:21).

Pessoas religiosas que apenas conseguem pensar em termos de rivalidade, superioridade, igualdade e inferioridade deste modo trazem contra Jesus a acusação de que ele estaria se dizendo igual a Deus. Eles são incapazes de imaginar que um homem, Jesus, pode ser Deus com o seu Pai, e a vocação de todos nós é ser Deus com o Pai. O autor do Gênesis (para se referir à Bíblia) encontra nossa falha humana nessa atitude de querer nos tornarmos como deuses conhecendo o bem e o mal ao invés de ser com Deus no prazer de viver e de criar a vida. Essa atitude daqueles que estão preocupados com si mesmos e sua posição social engendram todo tipo de infelicidade. Somos deixados sozinhos, nus e desprezados, nos acusando mutuamente, nos fadigando, na criação e procriação semeando morte, lutando pela dominação ou aceitado a dominação com medo.

Com Paulo de Tarso em 1ª Coríntios 3 mantenho os argumentos de que os argumentos dos sábios não são nada, são vãos. Eles são pegos na armadilha de sua própria esperteza. Tanto que um homem como Sócrates teve que morrer em respeito à democracia a qual ele cogitava. Com João, um amigo de Jesus, em 1ª João 4, eu acho que não há nada que possamos dizer sobre Deus. Ninguém nunca o viu. Devemos simplesmente nos amar, o amor vem de Deus, e aqueles que amam são nascidos em Deus e conhecem Deus. Os que não amam não conhecem a Deus, pois Ele é amor. Se as pessoas dizem que amam a Deus e odeiam seu irmão, eles são mentirosos. Se pessoas ricas vêem um irmão em necessidade e recusam-se a ter piedade, quanto amor pode ter nelas?

A futilidade das filosofias e teologias. Aceitar ou rejeitar a existência de Deus não é importante. O que conta é ter o gosto e a alegria que a vida dá. A discussão dos filósofos e teólogos que tentam provar que estão certos, e dizer que são grandes pensadores, são todas fúteis.

Adrien Duchosal

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