terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Pedro nosso de cada dia

Há poucos dias estava ministrando a Palavra de Deus e expondo alguns pensamentos sobre a possibilidade de recomeçar a vida (É Possível Recomeçar...) a partir da experiência de Pedro no capítulo 21 do evangelho de João, quando de súbito me veio a expressão “O Pedro nosso de cada dia”.

Passei então, a fazer o exercício de reflexão sobre o que esse personagem nada convencional e totalmente contraditório a estética da religião, representa na nossa realidade e experiência existencial.

O Pedro assimilado pela religião é “pedra”, mas o experimentado na vida é “pedreira”.

Quem em sã consciência gostaria de ser identificado com alguém de temperamento explosivo, com uma gritante dubiedade que vasava pelos poros quando confrontado por pressões psicológicas, com uma imensa tendência ao sensacionalismo (para não dizer fanfarrão), e que ainda é rememorado por dar o nome à uma patologia espiritual chamada: “Síndrome do Galo” ou “Galofobia”.

Esse é o Pedro nosso de cada dia...

O Pedro nosso de cada dia é o indivíduo que surge do anonimato de uma vida simples e sem muitas pretensões, e que repentinamente se vê envolvido em um projeto de vida para o qual não estava estruturado, mas que numa resposta impulsionada por um chamamento irresistível, faz uma opção radical porque teve a sensibilidade de não menosprezar a casualidade, pois sabia que algo divinamente inspirado o atraía.

O Pedro nosso de cada dia é o indivíduo que deixa para segundo plano as redes da segurança e da estabilidade psico-social, para agora aventurar-se no desconhecido e viver com “O Pão Nosso de cada dia”.

O Pedro nosso de cada dia é o indivíduo que valoriza as relações familiares, e que não associa sogra a cerveja gelada: “Quanto mais fria, melhor!”, que se sensibiliza e se humaniza com a dor dos seus.

O Pedro nosso de cada dia é o indivíduo que se empolga com fatos espetaculares, mas que com a mesma intensidade se desestimula devido as adversidades.

O Pedro nosso de cada dia é o indivíduo que tem revelação transcedental: “... Tu és o Cristo...”, mas que trafega com muita facilidade para uma espiritualidade banal: “... Senhor, tem compaixão de ti...”.

O Pedro nosso de cada dia é o indivíduo que com coragem corta orelha se preciso for, mas que também se aquece na roda do escarnecedor.

O Pedro nosso de cada dia é o indivíduo que se entusiasma, que se compromete, que defende, mas que também titubeia, que retrocede na fé, que é volúvel, e que incrivelmente cresce porque se propõe a viver a despeito de suas fragilidades.

O Pedro nosso de cada dia é o indivíduo que se projeta do nada para o tudo, do anonimato para o estrelato, do céu para o abismo, do desânimo para o amadurecimento, é o Pedro que está nas nossas entranhas e que gera tanto as dores como as alegrias do parto!

O Pedro nosso de cada dia é o indivíduo que é ambivalente e divinamente demonizado, por querer ser o que não consegue e conseguir ser o que não quer, sou eu e é você nessa Petrificação de identidade em crise.

O Pedro nosso de cada dia nos dai hoje Senhor, e não nos deixe cair em tentação (de acharmos que somos o que não somos), mas livra-nos do mal (de nós mesmos), pois Teu é o Reino, A Glória e o Pedro para sempre. Amém!


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Franklin Rosa, via e-mail, para o Púlpito Cristão

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