Igreja cristã que se baseia na Bíblia Sagrada idealmente teria que ser uma igreja saudável! Você pode questionar:
Mas as igrejas cristãs baseadas na Palavra de Deus, não são sempre saudáveis? Eu responderia: Depende. E você: Mas, como assim ?
Depende, pelo fato de que o elemento humano constituinte da igreja, todos nós portanto, nem sempre estarmos inteiramente apegados ao que dizem as Escrituras e introjetarmos ideias próprias ao texto sagrado. Uma questão de interpretação, portanto. Veja o exemplo dos proponentes do Movimento de Batalha Espiritual. É muito óbvio para todo crente que lê sua Bíblia e compara com sua experiência diária de vida, que estamos de fato envolvidos em uma luta contra os principados e potestades que nos fala Paulo em Efésios 6. Mas os defensores ferrenhos daquele movimento, teimam em interpretar erroneamente várias passagens bíblicas, trazendo a questão para um terreno inteiramente místico e desprovido do equílíbrio que se faz necessário. Vamos a alguns exemplos.Mas as igrejas cristãs baseadas na Palavra de Deus, não são sempre saudáveis? Eu responderia: Depende. E você: Mas, como assim ?
Veja sobre a questão da famigerada doutrina da maldição hereditária. Distorcem, por exemplo, o texto de Êxodo 20 sem nenhum pudor. Esta passagem inteiramente se coaduna com a nação de Israel e à idolatria, nada falando portanto sobre “espíritos” de pornografia, adultério, alcoolismo e outros imagináveis. E este é um grande erro porque fazem com que o texto fale o que não está absolutamente dizendo. Claramente se vê neste e em outros textos que o que prevalece, são ideias realmente preconcebidas, achegam-se ao texto com uma ideologia pronta e enxergam na Palavra de Deus o que ela não está dizendo de forma alguma.
Outro exemplo gritante refere-se ao legalismo de usos e costumes. Igrejas há que defendem com muito ardor suas ideias neste campo. Santidade para eles é uma questão de fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Ou então, refere-se a aspectos exteriores tão somente. Fala-se em alguns destes ministérios sobre o chamado “espírito de Jezabel” (?!?!) que seria o espírito inspirador das “vaidades” nas irmãs. Mais um erro de interpretação. Jezabel foi uma rainha pagã má, casada com o rei Acabe de Israel que, como qualquer outra mulher, gostava de produzir-se e fez isto pela última vez quando Jeú foi ao seu encontro (2 Re 9.30). Nada no texto há de condenatório, da parte de Deus, pelo fato de ela ter pintado-se em volta dos olhos e ter enfeitado sua cabeça. Aliás, em uma passagem notável que deita por terra as doutrinas legalistas de que a mulher cristã não pode usar jóias ou enfeites, Ezequiel 16.1-14, mostra o próprio Deus como o sujeito da ação, nos versos
A prosperidade na vida do crente, é outro exemplo que queríamos abordar. Igrejas há que enfatizam com grande audácia que o seguidor de Cristo deve ser “cabeça” e não “cauda”. Ele é filho de Deus, herdeiro do Reino e portanto, deve dominar sobre tudo. “Tomar posse” é a palavra de ordem. “Determinar” também porque temos autoridade e tudo deve estar-nos sujeitos, pensam. A Teologia da Properidade viola regras básicas da exegese e hermenêutica bíbica. Enfatizam sobremaneira o fator monetário e afirmam com todas as letras que ser dizimista e ofertante é ser abençoado. De fato, cremos que há uma benção de Deus sobre o crente que, numa atitude de gratidão ao Senhor e amor ao Reino, dizima e oferta fielmente, mas isto numa atitude repito, voluntária e com amor e liberalidade (2Co caps. 8 e 9). Sem forçar a barra.
Outra área em que a Igreja deve basear-se inteiramente no que diz a Bíblia e não nas elucubrações humanas é no que tange aos relacionamentos entre os membros do Corpo de Cristo. 1 Coríntios 12 é uma passagem que mostra a mutualidade que deve haver entre os membros da Igreja. Esta reciprocidade nos relacionamentos nem sempre acontece nas igrejas por causa de uma visão de valorização extrema da grande reunião, da multidão, onde não se pode cultivar a amizade e a real comunhão entre os crentes. Muitas vezes, isto não é exemplificado pelos pastores e/ou obreiros que parecem fazer questão de manter uma relativa distância dos membros, das ovelhas, não visitando-as, não procurando-as e muito menos, não estimulando-as a manterem comunhão uns com os outros. Necessário se faz que os crentes aprendam a relacionar-se (1 Co 12.26). Isto é inteiramente bíblico, ou seja, é a vontade de Deus para a Igreja.
Muitos outros exemplos poderiam ser arrolados, mas estes foram trazidos à baila na expectativa de suscitar uma reflexão em você, leitor. Uma Igreja cristã pode estar com a Bíblia aberta em seu púlpito e mesmo assim não basear sua prática no que realmente está escrito, por falhas na interpretação. E a pregação do Evangelho, a expansão do Reino de Deus entre os homens deixa a desejar, para não dizer sobre a baixa qualidade de vida cristã que se vivencia em muitas destas denominações.
No final, o que realmente importará é se seguimos de fato o que ensina a Bíblia ou se preferimos a Bíblia misturada com ensinamentos humanos que podem ser discernidos e evitados pelo próprio estudo da Palavra sob a orientação do Espírito Santo, conforme as palavras do Senhor Jesus: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”; “Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir” (Jo 14.26; 16.13).
A Igreja pode e deve ser saudavelmente bíblica, pense nisto!
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