terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tolerância religiosa ou ecumenismo?


por Johnny T. Bernardo


O ecumenismo é a palavra de ordem em nossos dias. Devemos esquecer as diferenças que nos separam e nos unir em uma grande congregação universal. Assim não há mais judeu, protestante, católico, muçulmano, budista ou espírita; todos são "iguais" e adoram o "mesmo" Deus. Até mesmo aquela que dizia ser a "única e verdadeira Igreja de Cristo", agora deseja comungar com outras confissões de fé. Essa "revelação" passou a fazer parte da pauta da Igreja a partir do Concilio Vaticano II, quando os católicos foram instruídos a dialogar com outras religiões. A partir daí sucederam-se diversas reuniões ecumênicas no Vaticano e em diversas partes do mundo. Pousaram para fotos figuras não menos como Billy Graham, Dalai Lama, chefes da Igreja Ortodoxa russa e lideres da CMI (Conselho Mundial de Igrejas).

É comum ouvir ou ler hoje no Brasil sobre trabalhos ecumênicos feitos em "prol da sociedade" ou celebrações em igrejas católicas envolvendo protestantes históricos e demais lideranças religiosas do país. O mesmo acontece entre universidades batistas e adventistas. Alguém poderá perguntar: que mal há nisso? De certo não há nada de errado em dialogar com outras religiões, desde que tal diálogo não seja com o intuito de "mesclar" doutrinas ou passar ao sincretismo puro e simples. Jesus não ensinou que devemos nos afastar da sociedade, mas conviver com ela. Tal convivência, entretanto, não significa concordar com desvios doutrinários, mas usar a ocasião para testemunhar-lhes a mensagem do evangelho. O maior perigo é, obviamente, no dialogo inter-religioso, cair no erro da Nova Era e suas múltiplas faces no mundo. Somos totalmente contra todo tipo de descriminação religiosa, social, racial ou étnica; entretanto, usar tal pretexto para "universalizar" a fé é um erro que devemos evitar a todo custo.

Não há unidade entre católicos e evangélicos

É pura ilusão pensar que é possível haver "unidade" entre católicos e evangélicos. Os motivos são os mais diversos, desde a organização eclesiástica (papas, bispos, pastores) até a base doutrinária dos dois movimentos. Há uma pequena minoria de batistas que acreditem que sim, que é possível estabelecer um "laço" de comunhão com Roma; eles se esquecem, entretanto, o que foi dito na Segunda Confissão de Fé Batista Londrina (1677-1689), e que foi endossada ao longo dos anos por batistas ao redor do mundo. "O papa de Roma não pode, em qualquer sentido, ser o cabeça da Igreja; ele é o anticristo, o homem da iniqüidade e filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra Cristo e contra tudo que se chama Deus, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, como se fosse o próprio Deus. O Senhor Jesus o matará com o sopro de sua boca". [1]

Segundo Gilson Santos, da parte do Vaticano nenhum passo consistente tem sido dado na direção da fé evangélica, desde a Reforma. Pelo contrário, novas doutrinas e práticas, igualmente antibiblicas, foram adicionadas ao credo católico-romano: incorporação dos livros apócrifos ao Cânon (1546); o dogma da Imaculada Conceição de Maria (1854); a doutrina da infabilidade papal (1950); o dogma da assunção de Maria (1950) etc. E o que dizer da idolatria mais vil e grosseira? No que diz respeito a sua espinha dorsal, Roma vem mantendo alguma consistência. Ela não mudou. O mesmo já não pode ser dito de algumas igrejas do mundo evangélico-protestante. Que os batistas e demais evangélicos aprendam, e nunca esqueçam - Roma, semper eadem (Roma, sempre a mesma). [2]

Referências Bibliográficas

1. SANTOS, G. Diálogo entre batistas e católicos, Teresópolis, Rio de Janeiro: citado por jornal Desafio das Seitas, 2º trimestre de 2009, ano XIII, número 50, pág. 11.
2. Ibidem, pág. 11.


Johnny T. Bernardo é colaborador do Genizah


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