Por Leonardo Gonçalves
Malafaia é um cara excêntrico. Em 1995, quando a AEVB - Associação Evangélica Brasileira, negou à Igreja Universal do Reino de Deus o direito de pertencer ao seu rol de associados, o pastor se converteu no maior defensor de Edir Macedo e seus confrades. Não deixou, porém, de denunciar os abusos e desmandos dos teólogos da prosperidade, no que concordo plenamente com ele. A pergunta é: Como alguém pode defender a IURD e Edir Macedo, e ao mesmo tempo ser contra a Teologia da Prosperidade? Segundo Caio Fábio, a explicação é simples: Edir Macedo pagou 40 mil dólares mensais para que o apologista pentecostal pudesse defendê-lo dos seus algozes da AEVB. Até hoje, ninguém comprovou o fato, mas também ninguém – nem o próprio Silas – o desmentiu. Vai saber...
Não passou muito tempo e o pragmatismo tomou conta do pastor Malafaia. Possuidor de uma memória invejável, o pastor passou a sistematizar versículos que corroborem a antes combatida teologia de mamom, e a defendê-la ele mesmo. Aquilo que fora negado com tal veemência no passado passou a ser o carro chefe do seu ministério. Quinze anos depois, lá estava Malafaia na TV, ao lado de Morris Cerrulo, simulando uma profecia na qual Deus pedia uma “semente” de 900 reais para a Associação Vitória em Cristo. Em troca, o fiel receberia a “Bíblia da Batalha Espiritual e Vitória Financeira”, uma espécie de bíblia de Judas que ensina como ficar rico vendendo a verdade e a honra, e a unção financeira dos últimos dias, que desencadearia incontáveis bênçãos financeiras sobre o ofertante à partir de janeiro de 2010.
Novas campanhas financeiras surgiram, como a do trízimo, a dos 1000 reais em que o fiel recebia de “brinde” a salvação de toda a sua família (barbárie tal que não se tem notícia nem nos tempos das indulgencias católicas), e a dos 610 reais, batizada pela Vera Siqueira de xepa gospel. Quando algum blogueiro questionava os novos rumos da velha raposa, era chamado de recalcado e crítico que não produz nada. E assim, vendendo o evangelho e contrariando tudo o que pregara ao longo do seu ministério, Silas se transformava em uma metamorfose ambulante, e cada vez mais se parecia ao velho compadre, Edir Macedo.
Mas quando o assunto é grana, o terreno fica estreito. “Amigos, amigos; negócios à parte” parece ser o lema de alguns pastores televisivos, e a corrida presidencial foi o estopim que desencadeou a briga entre os dois arautos do evangelho da barganha. Por um lado estava Macedo, defendendo os interesses do PT, do qual – segundo Silas Malafaia – se beneficiava financeiramente (Cogita-se inclusive que o tal vídeo de Macedo defendendo o aborto seja parte de sua estratégia política de apoiar Dilma Rousseff). Do outro, o próprio Malafaia, que após o papo furado de que Marina é pró-aborto, apoiou o candidato tucano. Na verdade, Silas percebeu que Marina não chegaria ao segundo turno e migrou para José Serra, o qual se for eleito poderá “abençoar” o pastor com a concessão de uma emissora de TV. Macedo, no entanto, não acredita que Silas esteja somente “semeando” para o futuro, e chega a insinuar em seu blog que Silas estaria recebendo algo em troca aqui mesmo no presente. Uma vez que já foi comprovada a “generosidade” de José Serra para com os evangélicos, eu de nada duvido.
Macedo foi o primeiro a lançar as farpas. No dia 16 de outubro o bispo da IURD publicou um texto em seu blog pessoal, com o título: “cuidado com o profeta velho”, no qual acusava Silas Malafaia de ser um falso profeta e de estar confundindo os eleitores cristãos. Silas, pavio curto que é, não deixou por menos e gastou mais de 20 minutos do seu programa para rebater Edir Macedo. E foi assim que os dois velhos compadres, os quais comeram no mesmo prato em tempos remotos, se transformaram em rivais. E como costuma ser sempre, “em briga de elefantes, quem sofre é formiga”, isto é, na guerra de ódio destes telepastores, quem sofre são os crentes, que não sabem de que lado se posicionar. E eu, como não devo nada nem a um e nem ao outro, não tenho nenhum receio em dizer: Silas não crê no PSDB mais que Macedo crê no PT. Ambos crêem em vantagens, concessões, dinheiro, maracutaias em nome de Deus, e em uma versão de evangelho sofrível, capaz de escandalizar Judas, Alexandre Latoeiro, Demas e Barrabás.
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Postou Leonardo Gonçalves, que não acredita em messianismo político nem em campanha feita por pastor malandro que vende o evangelho, no Púlpito Cristão.
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